Parabéns Turiúba!

Parabéns aos Cidadãos Turiubenses!

Em 2025, comemora-se 66 anos de emancipação política e administrativa do município de Turiúba e 139 anos desde a chegada do pioneiro e fundador da cidade, capitão Vicente Gonçalves dos Santos, a esta belíssima região do noroeste paulista no ano de 1886. Vindo do estado de Minas Gerais, acompanhado de sua esposa Dª Sabina Isolina da Glória, de familiares e comitiva dá início ao desmatamento, preparação da terra para agricultura e pecuária e a construção das primeiras residências em lugar aprazível e de bons ventos.

Consciente do grande trabalho que tinha pela frente, pois o objetivo era fixar definitivamente na região, o capitão Vicente Gonçalves dos Santos trouxe consigo animais e sementes para explorar as boas perspectivas de produção que as terras paulistas apresentavam. Assim, a atividade agropecuária implantou-se no município, criando condições de sobrevivência, de trabalho e de progresso.

Com o crescimento do povoado, a chegada de mais famílias à região e o aumento das atividades pastoris e agrícola, em 26 de maio do ano de 1926 são realizadas as solenidades de fundação da Vila Gonçalves com o tradicional levantamento de um cruzeiro, acompanhado de oração e reza do terço pelos cidadãos presentes no local. Em 30 de novembro de 1944, pelo Decreto Lei nº 14.334, a vila é elevada a categoria de Distrito de Paz, na sede do então povoado de Vila Gonçalves, com terras desmembradas do distrito de Buritama e Macaubal, com o nome de Turiúba –  palavra de origem indígena (vocabulário Tupi-Guarani), da árvore do “Turi” (a fogueira, o farol). Vem daí Turiúba (Turi + Yba – árvore do Turi) ser conhecida carinhosamente como a “Cidade Facho de Luz”. Pela Lei nº 233, de 24 de dezembro de 1948, Turiúba passou a pertencer ao município de Buritama, até então pertencente ao município de Monte Aprazível.

Data de 8 de agosto de 1945, poucos dias antes do final da Segunda Guerra Mundial (rendição do Japão em 2 de setembro de 1945), o primeiro nascimento registrado no recém instalado Cartório de Registro Civil e Tabelião de Notas de Turiúba, que é de Aparecida Maria de Jesus, filha do Sr. José da Silva Bruno e de Dª Cecília Maria de Jesus. O primeiro casamento registrado nos anais cartorários da cidade data de 6 de setembro de 1945 – fruto do enlace matrimonial do Sr. João Braço Munhoz com a Dª Antônia Molina.

Em 1956, foi realizado alistamento eleitoral e recadastramento de todos os eleitores da região. Três anos depois, Turiúba foi elevada à condição de município somando-se com o território do Distrito de Vila Lourdes. Alcança então sua emancipação política-administrativa com a promulgação da Lei nº 5.285, de 18 de fevereiro de 1959, que dispôs sobre o quadro territorial, administrativo e judiciário do estado de São Paulo, para o quinquênio 1959-1963 e deu outras providências. Ficou estabelecido como sede do novo município a cidade de Turiúba (antiga Vila Gonçalves).

Conforme determinava a lei, as primeiras eleições para prefeito e vereadores são realizadas no final do ano de 1959.  A instalação do município, com a posse solene do primeiro prefeito, o senhor Otaviano Cardoso (1960-1963), acontece no dia 1º de janeiro de 1960 no prédio do Paço Municipal, onde reside atualmente a eminente família dos saudosos Gervázio Moura Vasconcelos e Dona Avelina Maria Vasconcelos.  No mesmo ato solene deu-se também a posse de onze vereadores, inaugurando-se a primeira legislatura com os seguintes cidadãos eleitos: Alberto Marquioli, Antonio Belizário dos Santos, Antonio José dos Santos, Aparecido Cardoso, Belizário Evangelista de Carvalho, César Alves Pereira, Gervásio Moura Vasconcelos, João Pio, José Serafim da Silva, José Luiz de Oliveira Neto e José Soares da Silva.

Vale registrar ainda que a prefeitura funcionou, também, na Casa Paroquial e a primeira Câmara de Vereadores foi instalada, no mesmo dia, no prédio onde funcionou a Biblioteca Pública Municipal Dr. Arlindo dos Santos.

O município de Turiúba possui 163,5 km2 em extensão territorial, limita-se com os municípios de Buritama, Macaubal, Planalto, Monções, Nova Luzitânia, Gastão Vidigal e Lourdes. Está distante 540 quilômetros da capital paulista, por meios rodoviários, e localizada numa planície/atitude de 432mts acima do nível do mar. Apresenta clima úmido e temperado. O município pertence a 9ª Região Administrativa do Estado com sede em Araçatuba, e na esfera judiciária e setor de segurança pertence à Comarca de Buritama.

Esta é a origem de um povo bom e hospitaleiro, que tem na entrada da cidade o registro de sua fé, humildade cristã e amor fraterno – O Nosso Senhor Jesus Cristo -, que de braços abertos acolhem todos que aqui aportam, que passam simplesmente para uma breve visita, ou retornam para morar definitivamente nessas terras e águas abençoadas por Deus.

Meus avós, meus pais e tios também vieram para cá e compraram uma propriedade com mais de 30 alqueires, na região do córrego matogrossinho – hoje pertencente ao município de Gastão Vidigal -, em meados do decênio de 1940. Eles trouxeram para a região, juntos com tantos outros desbravadores do sertão paulista, a certeza que aqui encontrariam terras férteis para a plantação de arroz, feijão, milho, café, algodão, frutas, legumes, verduras e hortaliças. E não estavam enganados.

A Vila Gonçalves era o encontro dos pioneiros, quando aos domingos as estradas se enchiam de tropas, de comitivas e de carros de boi com seu cantar amadeirado, afinado e longínquo trazendo movimento, alegria, paz, amor, trocas de informações, muitos causos, bravas histórias de cada um e também muitas orações e missas na igreja matriz em agradecimento às vitórias alcançadas e aos pedidos de bênçãos para a proteção diária de todos os devotos.

Por aqui, há mais de oitenta anos, minhas duas irmãs Levina e Catarina encontraram a paz do Senhor. Naqueles tempos carentes de recursos e de atendimento de emergência médica, os meus avós, meus pais e também os outros habitantes da região, muito pouco podiam fazer frente às incertezas das doenças e dos acidentes inevitáveis do trabalho bruto e do labor diário.

Tinha razão de sobra o meu avô Casimiro e a avó Ana quando com os olhos voltados para o amanhã acreditaram na boa terra e na riqueza da região. Tantas histórias bonitas e épicas nos foram contadas por eles, dos primeiros momentos no sertão de mata fechada e de animais selvagens e ferozes. As primeiras derrubadas da mata virgem, a preparação da terra para o semear  das primeiras sementes, a fartura das colheitas, a abertura dos caminhos e estradas, a construção da sede e das primeiras casas na colônia dos Casimiros – levantadas com madeira bruta, adobe e barro de saibro.

Nesse trabalho duro e pesado para desbravar o interior paulista registra-se ainda, o medo da mata fechada e das assombrações. Era aventura de corajosos pelos caminhos do grande sertão, narrava meu pai José Casimiro da Silva, o mais velho dos filhos. Ele tinha a missão de levar até a Vila Gonçalves o resultado da colheita do arroz, milho e feijão, a produção da carne e da farinha de mandioca – trabalho de toda a família dos Casimiros -, para a venda e troca por produtos como açucar, sal, macarrão, sardinhas, farinha de trigo, tecidos, calçados, remédios e outros produtos necessários à sobrevivência de todos. Como a viagem era demorada devido o andar lento dos carros de bois, a volta para casa acontecia sempre a noite e aí o medo era uma companhia constante, principalmente do neto encarregado de abrir as porteiras.

Turiúba era o centro, o shopping – como diríamos hoje -, o mercado a céu aberto. Sal, açúcar, banha, arame, prego, enxada, enxadão, facão, botinas, sacarias, roupas, e as famosas sandálias alpargatas para os meninos e meninas. Nesse caso, antes da viagem para a Vila Gonçalves, todos tinham o tamanho dos pés medidos com um cordão. Meu pai ao chegar na venda passava a medida para o sapateiro que era o responsável pelo acerto do tamanho do calçado na hora de fechar o negócio e fazer o pagamento.

Meu avô, pequeno na estatura, mas muito valente nos embates da vida, por aqui passava com seu facão na cintura, quase encostado no chão, não para a briga, a violência, mas para cortar o mato que tornava as estradas fechadas, além de se defender das cobras e de outros animais que por ali eram encontrados.

Nós, crianças da época, tínhamos os nossos heróis que eram trazidos pelos contadores de história e de causos e nos deixavam orgulhosos e valentes. Mas uma coisa nos amendrontavam muito: eram os causos de assombrações e lobisomens. Um rádio de pilha, tendo um arame como “antena parabólica”, nos trazia as notícias de um mundo conturbado, mas que também enchia de música o amanhecer em nossa modesta casa. Meu pai, quando chegava à nossa residência, ao anoitecer – cansado da labuta diária na roça -, ligava aquele botão mágico, que fazia uma grande chiadeira, e calmamente ia procurando a estação que tocava as suas músicas caipiras preferidas. Minha mãe preparava seu banho na grande bacia de alumínio e a água quente do fogão à lenha era o bálsamo para as suas dores do corpo que adquiria durante o dia no trabalho pesado. Realizados e felizes jantávamos muito cedo e uma prece nos embalava para o sono merecido.

Com o objetivo de preservar nossa história, no ano de 1995 adquiri um terreno de aproximadamente 2.500m2, na entrada da cidade – Rua José Vicente dos Santos, 229 -, e passamos a construir nossa residência e uma biblioteca-arquivo. Esta volta às minhas origens foi motivada pela minha queridíssima e saudosa irmã Aparecida Toneto Cassimiro. Foi ela que me apresentou à Liliam e a sua família, no início da década de 1990, e a partir daí tudo muda em nossas vidas. Eu queria retornar para o interior e não sabia como e a minha irmã, iluminada como era, me mostrou o caminho. Não posso deixar de agradecer também ao prefeito, o nosso querido e saudoso Beto Caires, que tendo conhecido muitas pessoas da família Casimiro, sabedor da nossa história, me recebeu de braços abertos. Aos dois, minha eterna gratidão.

Retornei para reviver um pouco dessa epopeia que está sendo contada pelos descendentes dos pioneiros. Foi um jeito gostoso de buscar o passado. Não deixar que seja apagado da memória de todos os nossos familiares. Pois a tradição oral e escrita evita que sejam esquecidos pelo tempo. Precisamos preservar as nossas raízes – orgulho de nossa existência e das bênçãos divinas.

Turiúba – cidade “Facho de Luz” – não perdeu seu charme. O rio Santa Bárbara e o rio Tietê, os ranchos, suas casas simples e povo hospitaleiro, guardam um pouco da saudade dos grandes dias passados. Turiúba que está presente nas estórias e causos dos grandes amigos Braz Moura Vasconcelos e do saudoso Toronha (Antonio Francisco dos Santos – meu sogro), que juntos com Gervazinho, Zé Carreiro e tantos outros amigos foram os idealizadores da “primeira queima do alho” e do “churrasco na praça da matriz”, lá pelo início dos anos oitenta do século passado.

Não podemos deixar de registrar também que no decênio de 1960, o esporte contagiava a população residente no município de Turiúba e em outros municípios da região. O futebol, realizado principalmente nas tardes de domingo, era muito disputado, arquibancadas lotadas e paixões extremadas. O entusiasmo era tão grande que aqui foi realizado o 1º Campeonato Municipal de Futebol, envolvendo aproximadamente 12 equipes de jogadores. Os historiadores da cidade nos conta que Turiúba era representada por duas agremiações de futebol: o Turiúba Futebol Clube (TEC), que era composto de atletas da zona rural e urbana e o Grêmio Estudantil Machado de Assis (GEMA), que contava em sua equipe os estudantes do município e de outras localidades que passavam as férias escolares na cidade. Nesse caminhar da história deixaram registrados nos anais da cidade, o bom futebol praticado pelos jogadores Joaquim Francisco do Santos (Nenê Mineiro) e seus irmãos Antonio Francisco (Toronha), José Francisco (Santinho) e Getúlio, Braz Moura Vasconcelos e seus irmãos Gervazinho e Jango, Hilário, Joãozinho (pai do Clezinho), Geovanir (irmão do Milton), Tião Doimo, João Pio e Anizio, não esquecendo os maiores torcedores da cidade José Paulino da Costa e Alberto Trindade.

Turiúba está presente também nas histórias deixadas pelo saudoso Beto Caires e de tantos outros que já nos deixaram; na honestidade, correção, orgulho e fraternidade de toda a sua gente; no profissionalismo e acolhimento realizado pelos servidores do Centro de Saúde; na luta dos professores por uma educação de qualidade; na labuta da terra feita pelos trabalhadores rurais e pecuaristas; no trabalho dos comerciantes e comerciários, no atendimento cidadão praticados por todos os servidores do Poder Legislativo e do Poder Executivo, nos embates legislativos de sua histórica Câmara de Vereadores, na excelente administração realizada pelos prefeitos ao longo dos anos, que não mediram esforços para realizar seus projetos com um bom diálogo e justificativa na apresentação de proposições legislativas na Câmara de Vereadores, na busca de verbas nas esferas estaduais e federais, na defesa e nas ações judiciais competentes em favor da cidade e de seus habitantes.

O título de “Cidadão Honorário Turiubense” – que recebi em Sessão Solene no dia 13 de julho de 2002, normatizado pelo Decreto Legislativo nº 01, de 20 de fevereiro de 2001, de iniciativa do saudoso e queridíssimo  vereador Elizeu Batista de Carvalho, aprovado por unanimidade de votos pelos outros vereadores Celso Antônio de Oliveira, Cleufer Ocione dos Santos, Edemilson Domingos da Costa, Edson Aparecido Vasconcelos, Gentil Batista de Carvalho, José Antônio da Cunha, Miguel Elias de Oliveira Filho e Pedro Lança Neto -, reparto com a minha querida Liliam e sua família, com os meus avós, meus pais, irmãos, tios, filhos, netos, primos e sobrinhos e com todos os amigos dessa cidade querida e fraterna. Humildemente passei a fazer parte de sua gente – o que era de coração, agora também em documento oficial com orgulho e com a certeza de que muito enriquece quem o recebe.

Antes de finalizar esse artigo, me permitem um aparte meus caros amigos, contadores de causos, estórias e histórias de Turiúba, quero dizer que também faço parte das suas alegres e memoráveis narrações e com a sua gente quero somar esforços, sempre, para uma cidade melhor, um futuro promissor para nossos filhos e netos, preservando o melhor de nossas tradições.  

Minha eterna gratidão e um forte abraço a todos. Que Deus em sua infinita bondade os abençoe, proteja e ilumine todos os habitantes dessa terra querida com muita paz, saúde, fraternidade, prosperidade e amor fraterno.

Turiúba/SP. 19 de julho de 2025

*Fontes consultadas: Antônio Francisco dos Santos (Toronha), Gilberto Ferreira  Caires (Beto Caires), Braz Moura Vasconcelos, Gervázio Moura Vasconcelos e o site https://turiuba.sp.gov.br

Escritor Casimiro Neto
Professor, Historiador, Pesquisador, Produtor Artístico e Cultural, Especialista em Curadoria de Obras de Arte e de Exposições Históricas, Artísticas e Culturais. Cientista Político, Poeta, Pedagogo com Livre Docência em Biologia Educacional, Metodologia do Ensino, Didática, Filosofia, Sociologia, História e Psicologia da Educação. Especialista e Professor de Pós Graduação em História do Parlamento Brasileiro, História Constitucional e Infraconstitucional e História da Arte. Chefe da Seção de Documentação Parlamentar, Diretor Substituto da Coordenação de Publicações da Câmara dos Deputados,  Diretor do Museu e do Centro Cultural da Câmara dos Deputados, Servidor Público Federal, Diretor de Ensino e Assessor da Direção Regional do Sesc-DF.

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