Li muitos livros, mas esqueci a maioria deles. Mas então, qual é o propósito da leitura? Um questionamento que sempre me fazem quando trato do assunto sobre a quantidade de livros lidos e relidos ao longo da vida (inúmeros deles estampados na minha biblioteca-arquivo em Turiúba/SP).
Nestas ocasiões relembro de um história de quando um aprendiz fez uma pergunta ao seu mestre sobre a importância da leitura e dos livros. Conta-se que o mestre não respondeu naquele momento. No entanto, depois de alguns dias, enquanto estavam sentados perto de um rio, ele disse que estava com sede e pediu ao discípulo que lhe trouxesse um pouco de água usando um coador velho e sujo que estava no chão.
O discípulo levou um susto, pois sabia que era um pedido sem lógica. No entanto, ele não poderia contradizer seu mestre e, pegando a peneira, começou a realizar essa tarefa absurda. Cada vez que ele mergulhava o coador no rio para buscar um pouco de água para levar de volta ao seu mestre, ele não conseguia nem dar um passo em direção a ele, pois não restava uma gota no coador.
Realizou a tarefa dezenas de vezes, mas por mais que tentasse correr mais rápido da margem até seu mestre, a água continuava passando por todos os furos da peneira e se perdia no caminho.
Exausto, sentou-se ao lado do mestre e disse: Não consigo tirar água com esse coador. Perdoe-me mestre, é impossível e falhei em minha tarefa.
Não – respondeu o velho sorrindo – você não falhou. Olha o coador, agora está brilhando, está limpo, está como novo. A água, que escorre por seus buracos, o limpou.
Quando você faz a leitura de livros – continuou o velho Mestre – você é como uma peneira e eles são como a água do rio. Não importa se você não consegue guardar na memória toda a água que eles deixaram correr em você, porque os livros com suas ideias, emoções e sentimentos são conhecimentos que você encontrará entre páginas, limparão sua mente e espírito, e farão de você uma pessoa melhor e renovada. Esse é o propósito da leitura.
Poeta Casimiro Neto. Casa do Poeta, Paraíso Encantado, Turiúba/SP.
Reflexões ao admirar, silenciosamente,
os livros depositados nas estantes da biblioteca da Casa do Poeta.
20 de outubro de 2025.